terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Fantasma da Virada de Mesa no Futebol Brasileiro

No Brasil muita coisa não funciona direito, mas poucas coisas são tão confusas com a Justiça, em especial a Justiça Desportiva, o mais novo caso de Virada de Mesa mostra isso.
O que acontece é que, dois dias depois do campeonato ter acabado, foi publicado no site da CBF que o meia Héverton, da Portuguesa, estaria suspenso na última rodada e que o mesmo então, não poderia ter sido escalado, assim o time paulistano teria que perder 4 pontos, o que salvaria o Fluminense do rebaixamento e relegaria a Lusa á Série B em 2014.
A Portuguesa, alega que não sabia da decisão, e de fato, a notificação oficial veio só depois, o advogado teria passado a informação errada ao clube que teria escalado o jogador irregular, a versão parece correta haja vista que o jogo nem o jogador eram importantes para o time e não faria sentido escalá-lo.
O que mais chama atenção no caso, é o amadorismo do STJD, que, como um tribunal de bairro, informa as decisões informalmente e causa todo um transtorno desnecessário, mais do que isso, parece mesmo má fé de quem já sabia que o resultado salvaria um clube grande, o que piora a situação é o clube beneficiado em questão, o Fluminense, já ajudado por viradas de mesa num passado próximo.
Héverton foi julgado depois de DOZE dias , a notificação e publicação chegou depois de quatro, e isso tudo é feito justamente para que as tudo continue como está, viradas de mesas e coisas do tipo só acontecem quando as coisas são mal feitas e desorganizadas, é necessário uma reformulação no STJD e de seu código desportivo pois isso nos coloca sob o eterno fantasma das Viradas de Mesa, onde, independente do resultado, o maior perdedor é o futebol Brasileiro.
Se a Portuguesa deve ser punida ou não, os advogados e conhecedores do direito esportivo vão falar melhor, colocando na ponta do lápis a Lusa deverá ser punida, jogando no time da ética , seria melhor absolvê-la, independente disso, isso tem que mudar, os julgamentos devem ocorrer no primeiro dia útil após o acontecimento, a publicação deve ser imediata e o código desportivo atualizado, assim poderemos eliminar de vez o fantasma da Virada de Mesa do futebol no Brasil.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O que Vasco e Fluminense devem aprender de 2013

O Campeonato Brasileiro de 2013 acabou e dois grandes do futebol carioca estão rebaixados para a Série B no ano que vem, Vasco e Fluminense caíram, uma tragédia anunciada no decorrer do torneio para ambos e não atoa.
O Vasco vive uma verdadeira "montanha russa" nas últimas temporadas, rebaixo em 2008, o clube logo subiu em 2009, fez ano irregular em 2010 mas fez um bom 2011, com boas campanhas no Campeonato Brasileiro e Copa Sul Americana e com a conquista da Copa do Brasil, o time da Colina enfim, parecia que iria resgatar todos os bons tempos que o consagraram como gigante do futebol brasileiro.
Em 2012, o clube chegaria as finais dos dois turnos do campeonato carioca e ainda no primeiro semestre seria a equipe a dar mais trabalho ao Corinthians na Libertadores parando somente na estrela incrível do goleiro Cássio, no Brasileiro iniciaria bem ficando no G4 boa parte do Campeonato Brasileiro, mas ali também começaria sua queda livre, depois da saída de Cristóvão Borges que pediu demissão, o Vasco contratou Marcelo Oliveira (o mesmo que seria Campeão Brasileiro no ano seguinte) e após 10 jogos e nenhum salário pago ao treinador, ele e o Cruz-Maltino chegaram a um acordo, com outros 4 jogos o time terminou em 5º na Série A e encerrou a temporada sem nenhuma conquista.
2013 chegou e os problemas aumentaram, os problemas políticos e financeiros refletiram na montagem da equipe, fraca e com elenco defasado, vieram campanhas pífias no campeonato estadual e o início de um Brasileiro que todos sabiam que não seria fácil, três treinadores e os resultados não vieram assim como reforços que chegaram e não corresponderam, o Vasco estava com seu destino traçado rumo a Série B, e até mesmo o torcedor mais apaixonado sabia disso.
Já o caso do Fluminense ainda é mais curioso, campeão Brasileiro em 2012, o elenco do Fluminense no início do ano era um dos melhores do país, mas uma série de erros técnicos e de planejamento fizeram com que o tricolor patinasse durante o ano.
Ao começar pelos reforços que não vieram no início do ano, com time envelhecido e calendário extenso, o Fluminense devia ter contratado mais e num nível maior, para se ter uma ideia, o time das laranjeiras perdeu 14 jogadores entre menos e mais badalados e só trouxe 5.
Somasse a isso as lesões e os jogadores que não recuperam, causadas talvez por sua estrutura muito precária e também as trocas constantes de treinador causadas por falta de planejamento e critério ao escolher o seus comandantes, o Fluminense administra seu futebol de maneira inconsequente e paga o preço por isso.

Ao Vasco, fica a lição que é necessária uma gestão profissional, e que se não tem ninguém para fazer isso que se contrate uma consultoria, se o clube não tem dinheiro para gastar com contratações deve buscar alternativas junto a parceiros, empréstimos e assim evitar atrasos de pagamento, também no que se refere a treinador não era o momento de ter nomes com salários altos, alguém formado no clube seria o melhor.
No Fluminense, que se deve aproveitar a boa fase para se fazer um elenco forte e não se acomodar, além de investir urgentemente, mesmo que por parceria em estrutura para prevenção e recuperação de lesões, o clube também deve avaliar melhor a forma de conduzir e contratar suas comissões técnicas.

Brasil, Violência e Futebol.

Mais uma vez um estádio brasileiro assistiu a cenas de brutalidade, violência e barbárie, no jogo entre Atlético Paranaense X Vasco, 4 precisaram ser atendidos em hospitais após uma briga entre torcidas no qual se viu, entre outras coisas, um torcedor desacordado que apanhava dos demais.
A violência filmada e transmitida em HD para o mundo a partir de um estádio de futebol, nos choca por ser algo tão incompreensível e desumano, mas a verdade, talvez dura para maioria das pessoas é que, no Brasil, a violência é banalizada, a vida vale pouco e ser humano não mais existe, em território brasileiro se mata por tudo e muito vezes por nada.
O bordão, que os estádios são violentos, nos remete a uma realidade que na verdade não existe, como se só nos estádios tivessem violência e no restante da cidade não a houvesse, todo brasileiro já presenciou ou sofreu algum ato de violência, a diferença é que no futebol tudo parece legitimado e assustadoramente grande,
O Ambiente favorece, essencialmente masculino e com os nervos a flor da pele, é impossível, ir ao estádio ser ouvir qualquer palavrão, presenciar insultos e situações tensas, além disso, a convicção de que qualquer ato é justificável pelo amor ao clube  e a certeza da impunidade diante das autoridades incompetentes e leis frágeis do Brasil deixam os estádios brasileiros como uma bomba prestes a explodir, o problema é que as vezes realmente ela explode.
No jogo em questão, a incompetência e a imbecilidade das pessoas responsáveis pelo evento e segurança do mesmo ficou nítida, num jogo decisivo, poucos seguranças estavam lá, a polícia se encontrava do lado de fora e apenas um cordão separava as duas torcidas, a tragédia estava anunciada e a verdade é que foi sorte não ter ocorrido algo mais grave, com todo respeito aos seguranças, mas eles não tem treinamento para isso, não tem equipamento para conter uma briga generalizada e tão pouco deveriam estar designados a essa tarefa, deixou claro que o Atlético Paranaense não sabe e não tem competência para organizar um jogo de futebol.

Soluções em outros países e possíveis caminhos para o Brasil

Quando vem a tona a questão, muitos e fala em exemplos de outros países que enfrentaram tal problema e conseguiram de certa forma solucionar, a Inglaterra foi, sobretudo na década de 80, o símbolo de ações violentas praticas por torcida que se denominavam hooligans , entre vários episódios vale destacar a Tragédia de Heysel, onde na final da Copa dos Campeões Europeus (atual Uefa Champions League), entre Liverpool X Juventus, morreram 38 torcedores e centenas ficaram feridos, os clubes ingleses ficaram impedidos de disputar qualquer competição europeia durante cinco anos, mas as mudanças só aconteceriam mesmo depois de 1989, depois de outro episódio onde morreriam 96 pessoas em outro jogo do Liverpool, desta vez válido pela Semi final da Copa da Inglaterra, a tragédia é atribuída a super lotação do estádio na ocasião.
Na Inglaterra hoje, os estádios são exemplos de modernidade, e há poucos registros de violência envolvendo torcidas, não há separação de torcidas por alambrados e tão pouco para o gramado, os que se envolvem em brigas são rapidamente identificados e punidos e de certa forma o problema foi resolvido.
No restante do mundo, se espalhou essa nova forma de arena, a ideia é que não é com grades e fossos que se resolve a violência e sim com punição e educação, o problema, é que em nenhum lugar do mundo a violência urbana é tão intensa como no Brasil.
O problema da violência no Brasil, passa por várias questões que se fosse expor numa postagem ela ficaria imensa, mas o ponta pé inicial para a solução de tal problema pode ser sim o futebol, justamente por ser a paixão nacional e por estar manchado por essa marca, de imediato, deve se adaptar o código do STJD para que as punições sejam mais severas aos clubes, perda de manda de pouco NÃO é punição, é simplesmente mudança do local do problema, o clube treina lá e as vezes acaba ganhando uma renda extra, os responsáveis devem ser identificados e presos ainda na hora do jogo, após, os mesmos não podem mais frequentar estádios e devem responder criminalmente por isso, após isso, podemos ai sim, pensar em fazer estádios em estilo europeu e um dia quem sabe, até fazer um jogo sem policiamento, enquanto isso não chega vamos rezar e torcer para que o próximo episódio não aconteça mesmo sabendo que irá acontecer.